O que é arte conceitual?
Uma obra de arte, para a maioria das pessoas, é uma pintura, um desenho, ou uma escultura, autêntica e única, realizada por um artista singular e genial. Essas são as premissas que vêm sendo, desde o Renascimento, sedimentadas no imaginário social. A Arte conceitual problematiza justamente essa concepção de arte, seus sistemas de legitimação, e opera não com objetos ou formas, mas com ideias e conceitos. De modo geral, opera na contramão dos princípios que norteiam o que seja uma obra de arte e por isso representa um momento tão significativo na história da arte contemporânea.
Desde meados dos anos 50, o universo da arte expande-se e, definitivamente, a esfera da arte ultrapassa a auto-referencialidade moderna, voltando-se para o mundo real. Conteúdos políticos, antropológicos e institucionais tencionam os domínios da arte. O contexto, em suas múltiplas dimensões, deixa de ser uma abstração e, não raro, torna-se central em muitos projetos. As ações, situações e performances espalham-se pela cidade, misturando os polos da criação e recepção da arte, e a figura do artista se dilui. Em suma, a arte conceitual dirige-se para além das formas, matérias ou técnicas. É, sobretudo, uma crítica desafiador ao objeto de arte tradicional.
A preponderância da ideia, a transitoriedade dos meios e da precariedade dos materiais utilizados, a titude crítica frente às instituições, notadamente o museu, assim como formas alternativas de circulação das proposições artísticas, em especial durante a década de 1970, são algumas de suas estratégias.
Nota-se um acento político na produção brasileira e latino-americana, em que a arte conceitual se distingue pela contextualização e ativismo de conteúdo utópico, em oposição à auto-referencilaidade da arte conceitual na Europa e nos EUA. Não por acaso, o período de maior relevância para a arte conceitual coincide com o das ditaduras nos países latino-americanos e no Leste europeu.
As proposições conceituais negam a aura de eternidade, o sentido do único e permanente e a possibilidade de a obra ser consumida como mercadoria. É nesse momento que as performances instáveis no tempo e as instalações, transitórias no espaço, tornam-se poéticas significativas. A efemeridade das propostas sugerem a mais íntima relação entre a arte e vida. Frequentemente são ações que ao se situar num corpo mais amplo (social e político) incluem projetos que expandem o limite da subjetividade, misturando as esferas do público e do privado (FREIRE, C. Arte Conceitual. Rio de Janeiro: Zahar, 2006, p.7-11).
Tipos de Arte Conceitual: arte-postal, performance, instalação, land art, ready-made, videoarte, livro de artista, etc.
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