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Trabalhar em silêncio

Hermética para mim e ainda assim
A que transpassa todos os níveis impessoais
E chega no limite do pessoal
Querendo transformar-se, de um modo ou de outro
Nessa e em mil vidas atentas
Dentro de um caroço buscando ainda mais o miolo

Precisando sempre de uma mão
Para me administrar nesse sufoco que é a busca pelo miolo de tudo
Mão que quando encontro não se move
Apenas observa calada a minha energia silenciosa de tudo
E percebe que explicações carecem sempre de sentido
E intervenções carecem sempre da falta do que dizer
Diante de todo o exposto, que não pode ser todo porque é mistério

Mas o exposto e a intervenção muda estiveram tão presentes
Colados a mim desde a infância
Que só dessa forma eu cheguei a uma compreensão
Que nunca poderá ser explicada como exatamente é
Mas vale a tentativa de quebrar um pouco esse silêncio
Porque foi o que mais aprendi através dele:
O amor pode nascer das forças obscuras da alma
O amor entende de forças obscuras mais do que a própria força
O amor por outra pessoa faz existir a necessidade de estar só
Chegar tão próxima do amor me fez entender a necessidade de trabalhar em silêncio.


Imagem 1. “_Tô tentando achar a foto de um miolo da semente de pêssego. O caroço de pêssego é bem bonito e rusguentinho. Dentro tem uma semente tipo castanha, mas não tem a foto dela aberta. Talvez, a foto do pêssego e do caroço”.

miolo
/ô/
substantivo masculino

1.
a parte de dentro de algo.
“o m. da cana”
parte interna e macia do pão.
encadernação
o conjunto de cadernos ou folhas reunidas que compõem um livro, revista etc., excluindo a capa; corpo.
Maranhão•dança
quem dança metido dentro da armação do boi do bumba meu boi.
figurado
o cerne, a parte central ou essencial de (algo); âmago.
2.
o conteúdo da coluna vertebral ou dos ossos longos; medula, tutano.


Imagem 2. “_Então, seria legal essa foto. Mas não sei se rola nesse posicionamento. Faz um teste”. “_Definição muito ruim”. “_Sim”.

Amanda Venturoso

Filosofia e arte são as linhas que têm tecido a sua vida pessoal e profissional, e que têm exigido uma versão mais organizada e metódica de si mesma, mas sem excluir o caos característico da própria vida. Acredita muito no poder dos encontros e dos desencontros e na beleza das formas dos seres, principalmente quando postas em contraste com a luz. Formada em Filosofia pela PUC Campinas e Mestre em Educação pela mesma universidade. Atualmente professora na rede estadual de São Paulo.